como um sonho estranho

Finalmente o dia da partida. E, inesperadamente, quase nem o senti. Aquele voo de onze horas sobre o Atlântico foi como um sonho estranho. De real, nada. Não estava ali. Nem sei bem onde estava mas não estava ali nem conseguia tomar consciência do que ali se iniciava. Era a segunda grande viagem da minha vida. Algo que ansiava há tanto tempo. E ali, naquele avião, estava como que anestesiada. Ali, depois de tanto pensar, só conseguia viver o presente.
Na primeira parte da viagem o cansaço pesava no corpo e a alma estava demasiado ausente. Pouco depois de cruzar a linha do Equador, de passar ao Hemisfério Sul, comecei a avistar terra ao fundo. A costa do Brasil cada vez se ia tornando mais definida e voltou o fascínio, o encantamento, a mágica sensação de voar e o olhar pela janela com os olhos de uma criança.

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Aterrámos em São Paulo pouco depois do sol se pôr, debaixo de uma chuva morna. E das janelas do avião deu-se um espectáculo de luzes, brilhos e cores por entre as gotas de água que escorriam lentamente. Assim, tudo tão indefinido e volátil como a minha alma naquele momento. E só conseguia observar aquelas cores que apareciam e desapareciam como por magia.

fotos e vídeo de meiomaio

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A nitidez só viria depois. Só uns dias mais tarde começaria a tornar-se real que estava no inicio de uma longa viagem de vários meses, pela América do Sul, com uma única direcção definida: Chegar à Patagónia.

voo entre Porto e São Paulo