E nem todos os sitios são bonitos.
Há sítios que chegamos lá, nem sabemos bem porquê, mas não nos acolhem, não há nada de autêntico ali, é só mais um daqueles sitios que podia ser em qualquer lado, ou em lado nenhum, porque não nos acrescenta nada, não nos dá nada. E depois penso que realmente nas viagens andamos sempre à procura desse preencher algo, é como uma busca incessante por encontrar algo fora, que devia estar dentro. E tudo isso às vezes torna-se tão devastador.
Aquela praia era assim, não sei porquê, mas era.
E, para piorar, de repente veio a chuva. E uma chuva forte, um céu escuro, que me dizia que sim, que o Verão não pode durar sempre, que Outono já estava aí, com a sua dose de introspecção e melancolia. Que aquela vida de estrada, de rua e de sol já não podia durar muito mais. Ali começava a contagem decrescente. E veio aquele aperto. A chuva e tanta tensão acumulada começava a sair ali.
Ao final do dia, já sem esperança de muito mais naquele sitio disse, “Já passou o temporal, já podemos conduzir, vamos embora daqui. Não importa que vai ficar rapidamente de noite. Este sitio faz-me mal.”
E assim, pegámos na carrinha, com o destino nas montanhas, em direcção norte. Na verdade seria qualquer sítio, só para me distrair com algo novo e arrancar-me dali.
E enquanto passávamos pela última vez junto ao mar, este tinha ganhado uma cor única. E o céu. Parámos.
E tudo aquilo se transformou numa incrível magia. Tudo tão forte, tão grandioso. Quase emocionava de tanta beleza.
E assim, de um momento para o outro, aquele sitio que antes só me abria cada vez mais aquele vazio interior, transformou-se num dos maiores espectáculos de cor e formas que alguma vez vi. E o que antes se tinha esvaziado, apenas nuns instantes, transbordou.
fotos de meiomaio |
Penso nisso, e gosto de recordá-lo como uma metáfora de que a beleza não existe como uma característica das coisas em si. A beleza são instantes, momentos. Aquela luz, aquele cheiro, aquele som, aquelas cores, aquela companhia. Que combinadas entre si por vezes criam sintonias de uma harmonia inexplicável.
O resto, está dentro de nós.
Marina Roseto Capo Spulico, Itália
Concordo tanto, mas tanto com este post. A beleza (assim como a felicidade), são instantes. Certos momentos... uma luz mágica, determinado som, aquela companhia... e como referiste, o resto está dentro de nós. Por vezes a beleza está lá, nós é que nem sempre a conseguimos ver.
ResponderEliminarAdorei as fotografias, serenas e muito bonitas.
Um beijinho grande, Ana :)
Um grande beijinho querida Cláudia, e obrigada por estares sempre desse lado. ♥
EliminarA beleza pode não estar nas coisas mas nos olhos de quem as vê, e eu acrescentaria nas mãos de quem tão bem capta algo tão maravilhoso como o que connosco acabas de partilhar.
ResponderEliminarParabéns.
Beijinho
Muito obrigada! :) *
EliminarO resto está mesmo dentro de nós. Belas palavras, belos instantes. Beijinho
ResponderEliminar:) um grande beijinho Joana! *
EliminarLindo o texto, maravilhosas, profundas, luminosas, as fotos...
ResponderEliminarNum abraço de felicidades.
Paula
Obrigada e um beijinho! ** :)
EliminarE mesmo não sabendo, hoje precisava tanto destas palavras! Obrigada, Ana. O resto, está dentro de nós. Sim! Sim :)
ResponderEliminarum beijinho,
Sara
Ohh! ♥
EliminarDe nada querida Sara, de nada, obrigada a ti! :) *
está mesmo dentro de nós. e que feliz eu sou por conseguir desligar e apreciar momentos lindos mas tão simples. acho que nem todos têm esta sensibilidade que mostras tão bem aqui nas tuas fotografias.
ResponderEliminarQue bom que consegues apreciar essas pequenas coisas :)
EliminarUm beijinho*
Que texto lindo, senti-o em cada linha.
ResponderEliminarE o resto está mesmo dentro de nós. Por vezes a beleza está lá e não a vemos, são mesmo momentos, e que devemos sempre celebrar quando os encontramos.
Um beijinho.
:) ♥
EliminarUm beijinho querida Inês.
Lindo este texto e tão intenso. A forma como falaste fez-me sentir toda essa dualidade de sentimentos/sensações. Há muita coragem quando em viagem se admite que houve lugares que não gostamos, que não nos acrescentaram nada. Sim, quando se viaja nem tudo é maravilhoso.
ResponderEliminarbeijinho Ana!
Sim, e quando o viajar se torna uma forma de vida ainda mais. Ai percebemos que a felicidade são sempre momentos. E isso é tão normal como os momentos de tristeza, introspecção... mesmo no meio do que poderia ser uma vida de sonho. E que às vezes se torna tão dura. Mas por isso também é uma experiencia que vale tanto a pena.
EliminarMuito obrigada pelas palavras minha querida :)
Um beijinho*